Emília Ferreiro

Caixa de texto: Ler não é decifrar, escrever não é copiar.

Nascida na Argentina em 1937, com 68 anos, Emília Ferreiro vive atualmente no México e trabalha no Departamento de Investigações Educativas – DIE do Centro de Investigações e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional do México.
A história de Emília Ferreiro é entrecortada por desafios sociais e políticos, porém sua contribuição à educação é incontestável, especificamente na alfabetização.
Formada em psicologia, Emília Ferreiro concluiu o doutorado no final dos anos 60, na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
1971 – Constituiu um grupo de pesquisa, em Buenos Aires e contou com a colaboração de Ana Teberosky, Alicia Lenzi, Suzana Fernandes, Ana Maria Kaufman e Liliana Tolchinsky. Devido ao exílio, E. Ferreiro levou os dados desta pesquisa e com ajuda de Ana Teberosky, também exilada em Barcelona, iniciou a análise dados obtidos em Buenos Aires. Novamente as questões políticas, levaram E. Ferreiro de volta ao México, onde concluiu a pesquisa El nino y su compreensión del sistema de escritura.
Esta pesquisa recebeu o apoio da Universidade de Genebra e da Organização dos Estados Americanos e deu origem aos 5 volumes da publicação Análisis de las perturbaciones en el proceso de aprendizage de la lecto-escritura, em  parceria com Margarita Gómez Palácio. 
Os estudos de Emília Ferreiro e sua expressiva contribuição à educação.
A psicogênese a língua escrita, refere-se a uma descrição do processo por meio do qual a escrita se constitui em objeto de conhecimento para a criança. Na verdade, E. Ferreiro inverteu as perguntas sobre como alfabetizar as crianças? – para – como as crianças aprendem? A criança é  vista  como centro e agente do processo de aprendizagem, como sujeito ativo e inteligente. De acordo com Piaget, a criança pensa e elabora hipóteses sobre a escrita. Este é o ponto! A ideia de que a criança precisa pensar sobre a escrita para alcançar a alfabetização, revolucionou todas as outras e colocou em questão a necessidade dos “pré-requisitos” e da “prontidão para a alfabetização” Até então, as escolas dispunham de salas de prontidão, onde eram aplicadas atividades específicas e exercícios, como: ligar, completar, seguir a sequencia, reproduzir, entre outros. Os alunos somente seriam promovidos para a primeira série, se tivessem alcançado a prontidão necessária e, portanto, “preparados para a alfabetização” .
E. Ferreiro defendeu a importância do aprendiz ser exposto ao mundo da escrita, a partir da participação em práticas sociais de leitura e escrita, uma vez que a alfabetização é de natureza conceitual e não perceptual como se pensava. Nesta visão, foi possível ampliar o meio onde se dá a aprendizagem  retirando da escola a responsabilidade pela alfabetização dos alunos, ou seja, o ensino das letras, sílabas e palavras, deixou de ser tarefa exclusiva do educador.
Dificuldades de aprendizagem, será? 
As crianças que não aprendiam de acordo com a expectativa do professor eram consideradas problemáticas, imaturas ou com dificuldades de aprendizagem, necessitando de intervenção específica.
Os estudos de E. Ferreiro, nos permitem acompanhar todo o processo de escrita construído pela criança, bem como as hipóteses que elabora à medida que se desenvolve. O que anteriormente foi considerado um problema nos casos em que  se acreditava que a criança escrevia palavras sem sentido, com omissão de letras, tornou-se uma importante descoberta para os pais e professores. 
E. Ferreiro chamou a atenção para a importância do ambiente – que deve ser alfabetizador – devido a oferta de oportunidades e de acesso à escrita, diferenciando as crianças entre si. Crianças com mais estímulo e motivação tem maiores chances de construir melhor seu processo de escrita, sem que se constitua um problema para as crianças com menos possibilidades. Ocorre que em decorrência do que foi dito acima, não há déficits, apenas oportunidade!
Ambiente alfabetizador, não se constitui apenas com a decoração da sala que apresenta palavras, frases, versos, mas por meio da mediação do professor com seus alunos, respeitando o momento de cada um.
Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emília Ferreiro são: 
Nível Pré-Silábico - não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
· Diferenciar entre desenho e escrita. 
· Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras.
· Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita.
· Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes. 
Nível Silábico - pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
            Silábico - a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes ou vogais ou letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
            Silábico-Alfabético - convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
Nível Alfabético - a criança agora entende que: 
· A sílaba não pode ser considerada uma unidade e pode ser separada em unidades menores. 
· A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas. 
· A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras. 

No trabalho de Emília Ferreiro a escrita é um objeto de conhecimento, levando em consideração as tentativas individuais infantis, a interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo. É importante refletiro sobre a importância da alfabetização ser significativa e contextualizada para a criança.  
Algumas conclusões:
Emília Ferreiro aplicou a teoria mais geral de Piaget na investigação dos processos de aprendizado da leitura e da escrita entre crianças na faixa de 4 a 6 anos. Constatou que a criança aprende segundo sua própria lógica e segue essa lógica até mesmo quando ela se choca com a lógica do método de alfabetização. Em resumo, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria de Emilia abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica infantil.
A pesquisadora constatou uma sequência lógica básica na faixa de 4 a 6 anos. Na primeira fase, a pré-silábica. a criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e se agarra a uma letra mais simpática para "escrever". Por exemplo, pode escrever Marcelo como MMMMM ou AAAAAA. Na fase seguinte, a silábica, já interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma (para ela. MCO pode ser a grafia de Mar-ce-lo. em que M=mar, C=ce e 0=l0). Um degrau acima, já na fase silábico-alfabética, mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas propriamente ditas. Por fim, na última fase, a alfabética, passa a dominar plenamente o valor das letras e sílabas.
Referências Bibliográficas
Ferreiro, Emília e Teberosky, Ana: Psicogênese da língua Escrita. Ed. Artes Médicas. Porto Alegre. 
Kaufman, Ana Maria: A Escrita e a Escola.  Ed. Artes Médicas.
Ferreiro, Emília: Alfabetização em Processo. Ed. Cortez.  São Paulo.
Macedo,  Lino de: Ensaios Construtivistas. Ed. Casa do Psicólogo. São Paulo.
Teberosky, Ana: Aprendendo a Escrever: Perspectivas Psicológicas e Implicações 
 Educacionais. Ed. Ática. São Paulo.
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